A 2ª Vara Criminal da Comarca de Itajaí acolheu os argumentos apresentados pela 2ª Promotoria de Justiça e decretou a prisão preventiva dos três adultos suspeitos de serem os autores do homicídio de Mariane Quele Carmo dos Santos, ocorrido na noite de 8 de abril. A medida foi requerida pelo Ministério Público juntamente com a denúncia, que também foi aceita pela Justiça. O pastor – esposo da vítima e suposto mandante do crime -, a vizinha e o genro dela – que teriam matado Mariane a facadas, com a ajuda de um adolescente – já estavam cumprindo prisão temporária, após terem sido capturados pela Polícia Civil depois de terem fugido quando o corpo foi encontrado.
Um dos argumentos apresentados pelo Promotor de Justiça Luiz Eduardo Couto de Oliveira Souto para o pedido de conversão da prisão temporária em preventiva foi justamente o fato de que os réus teriam demonstrado, com a fuga, os riscos de mantê-los livres.
Diante das evidências apresentadas na denúncia e no pedido de prisão preventiva, o Juiz Juliano Rafael Bogo recebeu a denúncia e acolheu os argumentos do Ministério Público, decretando a prisão preventiva. O Juiz entendeu que, neste caso, não seriam suficientes outras medidas cautelares, pois, caso os réus se tornassem livres após a prisão temporária expirar, a ordem pública, a instrução processual e a aplicação da lei estariam ameaçadas. Além disso, avaliou que foram apresentados indícios fortes de que os três seriam os autores do crime.
Entenda o caso e a denúncia do Ministério Público
A 2ª Promotoria de Justiça denunciou à Justiça três dos quatro suspeitos de serem os autores do homicídio de Mariane Quele Carmo dos Santos e pediu a conversão da prisão temporária em preventiva dos denunciados. Na denúncia constam como qualificadoras do crime, a motivação torpe, a execução mediante pagamento, uso de meio cruel e sem chances de defesa da vítima, além da de feminicídio atribuída ao esposo de Mariane Quele Carmo dos Santos.
Segundo a denúncia, elaborada com base no inquérito policial, o marido da vítima planejou o crime juntamente com a sua amante, que era vizinha do casal. Esse relacionamento extraconjugal já duraria quatro anos e o motivo para que os dois matassem Mariane seria o fato de que eles queriam viver juntos sem que o pastor evangélico enfrentasse um divórcio, o que, na visão dele, poderia ser mal visto perante a sua comunidade. Além disso, após tornar-se viúvo, o pastor e sua amante poderiam usufruir dos bens deixados pela vítima.
Assim, desde o início de março deste ano, o pastor e sua amante teriam iniciado o planejamento da execução de Mariane. O pastor teria pago um total de R$ 2,5 mil ao genro da denunciada e ao sobrinho dela, um adolescente, para que os dois a ajudassem a matar a sua esposa. Com isso, os três também teriam incorrido no crime de corrupção de menores.
As investigações comprovaram que Mariane foi morta com 25 golpes de faca na noite de 8 de abril, após pegar carona com a sua vizinha e amiga, ao sair do trabalho. No carro estariam genro e o sobrinho da denunciada, que teriam matado a vítima dentro do veículo. Em seguida, eles teriam seguido em direção a Navegantes, onde pretendiam esconder o corpo. Segundo consta, os três teriam ocultado o corpo de Mariane no Rio Itajaí-Açu, próximo à ponte de Navegantes.
O crime teria ocorrido de forma traiçoeira e cruel, sem chances de defesa à vítima, pois esta entrou no carro espontaneamente, já que era usual a sua vizinha buscá-la no trabalho e, por ter sido apanhada de surpresa, não teve oportunidade de tentar evitar o ataque.
Enquanto isso, o pastor teria permanecido em casa, para ter um álibi que pudesse acobertar o seu envolvimento no crime.
Como o plano inicial de fazer a vítima desmaiar no carro, para matá-la fora do veículo não deu certo, na manhã do dia seguinte, eles também arrancaram a forração do interior do veículo que estava suja de sangue e as placas do carro, vindo a abandonar o automóvel em um local ermo na cidade de Navegantes, com o intuito de simular o furto do automóvel. Com essas ações, eles teriam tentado também ocultar o crime e dificultar as investigações destruindo provas.
Os denunciados fugiram após a descoberta do corpo. A vizinha, amante do pastor, e o genro dela, estão presos em Pernambuco, onde foram capturados. O marido da vítima, mandante do crime, também cumpre prisão temporária, mas está detido em Itajaí.