7 de Setembro inusitado

Não tem como não falar dos acontecimentos da Semana da Pátria. Com certeza foi um ano atípico, onde vimos todo tipo de manifestação. Vimos cidadãos comuns que por amor a pátria carregaram a bandeira – o que ocasionou uma certa confusão com os apoiadores do presidente Bolsonaro – que se apropriaram da bandeira. Qualquer um que era visto com a bandeira do Brasil era confundido com apoiador do Bolsonaro.

Defesa contraditória

Vimos uma multidão em Brasília, no dia 7, munidos dos símbolos nacionais com o pensamento de defender a democracia, capitaneados e insuflados por um presidente eleito democraticamente. Do outro lado vimos manifestações dos que defendem a ideologia de esquerda sair às ruas e também se manifestarem nas redes sociais – pelo mesmo motivo – pra defender a democracia. Controverso não? Os dois lados querendo a mesma
coisa, mas com pontos de vista totalmente diferentes! Os apoiadores do Lula acham o Bolsonaro um tirano e os apoiadores do Presidente acham o Lula um comunista. Vai entender…

Defesa em Brasília

Bem que… muitos que foram a Brasília nem sabiam o que estavam fazendo lá. Isso é fato. E ainda circulou vídeos de pessoas que foram com tudo pago e ganharam dinheiro pra ir.
Mas os que sabiam… queriam que ministros STF fossem retirados de qualquer jeito do seu cargo. Defendendo a tese do presidente. Uma atitude antidemocrática que a ameaça a constituição e ruptura dos três poderes que garantem a nossa democracia e a nossa liberdade.
Como diria o filósofo John Locke, defensor da liberdade e tolerância religiosa: “Onde não há lei, não há liberdade”. O que deixa claro que o respeito às leis é fundamental para a manutenção da democracia.

Mas que democracia?

Fui pesquisar o que os filósofos e escritores pensam sobre a democracia e entre muitas coisas achei falas no mínimo intrigantes, mas no fundo bem coerentes. Alguns dizem que a democracia é o poder nas mãos de uma maioria incompentente. Carlos Drumond de Andrade disse: “Democracia é a forma de governo em que o povo “imagina” estar no poder.
“Numa ditadura, não daria para fazer uma passeata pela democracia. Na democracia, você pode fazer uma passeata pedindo a ditadura”, Mario Sérgio Cortella. Curiosa essa frase, porque parece que foi isso que vimos no dia 7. Tanto que até o presidente reconheceu que passou do ponto.

Socorro Michelzinho!

O próprio presidente reconheceu, ou foi impelido a reconhecer que seu ato foi antidemocrático. E precisou chamar um ex-presidente para ajudá-lo a resolver a crise que ele mesmo criou antes e durante o dia 7 de setembro.
Mas verdade seja dita o Bolsonaro tem um poder incrível de convencer e arrastar multidões.

Voto legenda e o fim da democracia!

Quantos políticos elegemos sem ao menos conhecê-los? Sem saber do histórico, passado e propostas! Quantas surpresas no final de uma eleição. Tiririca, por exemplo, se elegeu em 2011 com 1,3 milhões de votos e levou com ele mais 4 deputados com votações inexpressivas (nomes desconhecidos). Nas eleições de 2018 de 513 deputados, apenas 27 se elegeram pelo seu próprio voto. Todo restante precisou do voto da legenda. Ou seja, não se elegem os mais votados! Menos de 10% dos deputados são eleitos pelo voto direto. Então fica a pergunta para reflexão: isso é democracia?

Quociente eleitoral

Para amenizar essa situação foi criada a lei dos 10% – difícil de entender e mais ainda de explicar. Mas é basicamente uma porcentagem mínima que o candidato deve obter em seu nome – 10% do quociente eleitoral, que é a quantidade de votos válidos dividida pelo número de vagas.

Semana que vem tem mais…

 

 

*As opniões da coluna são de responsabilidade do autor.