Celebração homenageia vítimas da tragédia da Chapecoense

Uma celebração realizada na Catedral Santo Antônio, em Chapecó, no Oeste de Santa Catarina, homenageou vítimas da tragédia da Chapecoense e da Covid-19 neste domingo (28). A tragédia aérea que vitimou 71 pessoas completa cinco anos nesta segunda-feira (29).

A missa foi rezada pelo Bispo Dom Odelir José Magri e lembrou ainda as 786 mortes registradas em Chapecó por consequência da Covid-19. Mais de 800 velas foram acesas logo após a missa, representando cada uma das vítimas.

Uma caminhada, que deveria seguir da frente da Catedral Santo Antônio até o Átrio David Barella Davi, na Arena Condá, estava prevista, mas devido à chuva, a ação foi realizada na entrada da Catedral Santo Antônio.

Cinco anos sem respostas: linha do tempo mostra luta de familiares após acidente da Chapecoense

As famílias das vítimas do acidente aéreo da Chapecoense ainda tentam na justiça a indenização do seguro da aeronave que fazia o transporte da delegação para a final da Copa Sul-Americana, em 29 de novembro de 2016. Foram 71 vítimas fatais entre jogadores, funcionários, convidados e jornalistas. A busca por respostas é incansável. Embora alguns passos tenham sido dados em cinco anos, nada foi resolvido.

O avanço da CPI no Senado em determinados temas conseguiu que pessoas diretamente ligadas à tragédia, como o dono da LaMia, Ricardo Albacete, e responsáveis pelas seguradoras e resseguradoras da aeronave, fossem ouvidas.

O avião da LaMia, que caiu nas proximidades de Medellín, possuía uma apólice de seguro contratada no valor de US$ 25 milhões – valor abaixo do usado para voos deste tipo –, mas a seguradora se recusa a fazer o pagamento por considerar que havia problemas no voo. As famílias, por sua vez, apontam outras irregularidades na contratação do seguro e na liberação do voo e buscam reparação.

– Fazendo um apanhado desses cinco anos, acho que foi um período de muito esforço, muita luta, muito trabalho. O principal de todos, acredito eu, que tenha sido das famílias para lidar com as questões emocionais que surgiram a partir desse luto. Esse é o trabalho mais pesado e mais difícil de todos. Infelizmente, não se pode falar pelo grupo, pois é muito particular. Mas quando falamos da associação, acho que podemos falar de pequenas vitórias, de degraus que conseguimos subir. Um deles é uma ação criminal que trâmita na Bolívia. Outro é uma ação cível que busca explicaçãoes e justiça cobrando da aerocivil, que é o órgão regulador do espaço aéreo da Colômbia. Nos Estados Unidos, há uma ação de 42 familias que não aceitaram o fundo humanitário – explicou Mara Paiva, viúva do ex-comentarista Mário Sérgio e presidente da Associação dos Familiares das Vítimas do Voo da Chapecoense.

LINHA DO TEMPO:

29 de novembro de 2016

O avião da LaMia cai a caminho de Medellín. A equipe da Chapecoense se deslocava para a decisão da Copa Sul-Americana.

15 de março de 2017

Em uma reunião em Florianópolis, os familiares recebem uma proposta, não negociável, de indenização individual e igualitária de US$ 200 mil (cerca de R$ 775 mil na atual cotação), da Bisa, seguradora da aeronave. Porém, a empresa solicita a assinatura de um termo de quitação de dívida por parte de todos os familiares. O acordo não é aceito, e algumas pessoas se incomodam com a postura da Chapecoense.

24 de agosto de 2017

Chapecoense e associações de vítimas (AFAV-C e Abravic) se reúnem em Chapecó, unificam discurso e tratam encontro como marco histórico na busca por respostas.

20 de outubro 2017

Bisa Seguros mantém oferta de US$ 200 mil (cerca de R$ 775 mil na atual cotação), mas baixa para 51 o número de aceitações necessárias e a assinatura de um termo de quitação de dívida. O quórum não é atingido.

27 dezembro 2017

Chapecoense e AFAV-C (Associação dos Familiares e Amigos das Vítimas do Vôo da Chapecoense), a mais atuante na busca de respostas sobre o acidente, assinam um protocolo de intenções com a previsão de criação de uma fundação de amparo.

Junho de 2018

AFAV-C contrata um advogado para avaliar cerca de seis mil páginas de documentos levantados pela entidade.

01 a 05 de setembro de 2018

Familiares, AFAV-C e equipe jurídica viajam para a Miami para se reunir com especialistas e escritórios de advocacia americanos.

1º de outubro 2018

Familiares, AFAV-C e equipe jurídica viajam para a Colômbia e Bolívia em busca de novos documentos e respostas sobre o voo, como o plano e mensagens da caixa-preta. Na ocasião, eles se encontram com a Bisa.

Primeira quinzena de outubro

Bisa Seguros aumenta oferta de “ajuda humanitária” de US$ 220 mil para US$ 225 mil, sem a necessidade de quórum para efetivar a doação. Quem aceitar, deve fazer a assinatura de um termo de quitação de dívida. Algumas famílias aceitam.

24 de outubro de 2018

É lançada em Chapecó a Fundação Vidas, com prazo existência de quatro anos, mas prorrogável até o pagamento das indenizações às famílias das vítimas. O objetivo é garantir o acesso à moradia, saúde, educação e alimentação aos familiares.

24 de outubro 2018

Após ato de lançamento da fundação, vítimas se reúnem para conversar sobre as estratégias jurídicas na busca de indenizações. Há um alerta para agilizar o pedido de prorrogação do prazo de entrada de ações, que venceria em novembro de 2018.

28 de novembro de 2018

Chapecoense e algumas famílias abrem processo conjunto contra a aerocivil colombiana. O prazo para ações encerrou na data que marcou os dois anos da tragédia aérea.

26 de março de 2019

Morre, aos 45 anos, o jornalista Rafael Henzel, um dos sobreviventes da tragédia. Narrador sofreu um infarto enquanto jogava futebol com amigos.

18 de junho de 2019

Familiares pedem ajuda ao Governo em audiência pública no Senado.

5 de julho de 2019

Chape sofre primeira condenação trabalhista por acidente aéreo na Colômbia. Clube foi condenado a pagar indenização aos pais de atacante Tiaguinho, mas recorreu em busca de acordo.

30 de setembro de 2019

Neto e viúvas protestam em frente às sedes da corretora de seguros Aon e da seguradora Tokio Marine Kiln, em Londres, por falta de indenizações

Neto e viúvas protestaram, em Londres

28 de novembro de 2019

Ministério Público Federal (MPF) de Chapecó ingressa com uma ação civil pública pedindo condenação dos responsáveis e reparação de danos morais e materiais em favor da famílias de 68 vítimas brasileiras da tragédia. Valor pedido é de US$ 300 milhões.

11 de dezembro de 2019

Senado instala CPI sobre situação de familiares de vítimas do acidente: a CPIChape. Objetivo é investigar a demora nas indenizações.

13 de dezembro de 2019

Juiz da 2ª Vara Federal de Chapecó, Narciso Baez, aceita Ação Civil Pública proposta pelo MPF e torna rés na Justiça as seguradoras, resseguradoras e corretoras envolvidas com o voo da Chapecoense. São incluídas no processo, além da LaMia, proprietária da aeronave, a Tokio Marine Kiln Syndicates Limited, a Tokio Marine Kiln Group Limited, a Bisa Seguros y Reaseguros S.A., a Aon UK Limited, a Aon Benfield Limited, a Aon Benfield Brasil Corretora de Resseguros Ltda e a Tokio Marine Seguradora S.A.

13 de dezembro de 2019

Sobrevivente, Neto anuncia aposentadoria dos gramados e se torna dirigente da Chapecoense. Ele segue atuante em busca de reparações às famílias.

4 de fevereiro de 2020

Ocorre a primeira de nove reuniões da CPIChape no Senado Federal, em Brasília. O encontro conta com depoimentos de familiares das vítimas e do ex-jogador Neto, sobrevivente da tragédia. Pandemia prejudica trabalhos da CPI, que postergou atos.

12 de março de 2020

Em depoimento à CPI no Senado, Ricardo Albacete, dono da LaMia, culpa controladora de voo, Yaneth Molin, por tragédia. Depois disso a CPI foi paralisada por conta da pandemia de Covid-19.

15 de abril de 2020

Por falta de proposta, MPF encerra negociação com resseguradoras de acidente e dá seguimento em Ação Civil Pública.

18 de junho de 2020

Chape é condenada a pagar R$ 800 mil a família de fisioterapeuta morto em acidente aéreo.

Agosto de 2020

Justiça dos Estados Unidos define indenização de R$ 4,8 bilhões em ação proposta por familiares de 40 para vítimas de voo. Decisão é favorável à famílias.

23 de setembro de 2021

Polícia Federal prende Célia Castedo Monasterio, controladora de voo responsável pela análise e aprovação do plano de voo da aeronave da LaMia. A decisão foi dada pelo Supremo Tribunal Federal, que determinou extradição para a Bolívia, mas ela segue presa em Corumbá, no Mato Grosso do Sul.

16 de outubro de 2021

Documento aponta novas empresas responsáveis pelo seguro da aeronave. Além da seguradora do voo, a Bisa, da corretora, a Aon, e da resseguradora, a Tokio Marine Kiln, mais 12 empresas foram apontadas como resseguradoras e/ou agentes gestores para o pagamento do seguro.

28 de outubro de 2021

Chapecoense é condenada a pagar R$ 14 milhões à família de William Thiego, um dos jogadores mortos na tragédia.

18 de novembro de 2021

CPIChape retoma trabalhos no Senado, mas não há previsão para conclusão de relatório.

25 de novembro de 2021

Celia Monasterio fala na CPI que não tinha autoridade para impedir a decolagem, mesmo identificando os erros. Ela afirma que chegou a comunicar por três vezes a linha aérea, o despachante e o piloto do avião sobre a falta de autonomia da aeronave para cumprir a rota com combustível, mas que teria sido informada de que a empresa teve autorização da direção-geral da aviação civil.

29 de novembro de 2021

Famílias seguem sem receber indenização do seguro por queda da aeronave cinco anos após acidente.