As eleições fora de época foram marcadas para o dia 3 de setembro em Brusque. Nesta quarta-feira, 26, a justiça eleitoral encerrou o prazo para apresentação de documentos e validação dos nomes que disputarão, no voto, a prefeitura municipal – cuja diplomação ocorrerá no dia 23, conforme calendário aprovado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SC). A nova eleição é decorrente da cassação do ex-prefeito Ari Vequi e do vice Gilmar Doerner, em maio deste ano.
Dois dos candidatos se destacam pela polarização que resultou na nova disputa: o MDB lançou o ex-secretário municipal William Molina; enquanto o PT, autor da ação, traz novamente Paulo Eccel, ex-prefeito de Brusque e ex-deputado estadual, segundo colocado em 2020.
Molina é o candidato de Vequi. Braço-direito do ex-prefeito cassado, ocupou a Secretaria da Fazenda de Brusque durante boa parte do governo; saindo para assumir a Samae – autarquia de água e esgoto em abril de 2022. Junto a Molina, disputará como vice o ex-secretário municipal da Saúde Osvaldo Quirino de Souza (Podemos).
A cassação de Ari Vequi e do vice Gilmar Doerner (DC à época da eleição) rachou o grupo que venceu a disputa embargada. Presidente da Câmara, André Vechi (DC) assumiu a prefeitura e entrou na corrida pela sucessão. Aproximou-se do governador Jorginho Mello (PL), que buscava um nome para concorrer na raia bolsonarista. Assim, Vechi – que não é parente do ex-prefeito – terá como companheiro de chapa Deco, do PL, e deve migrar de partido se for eleito. Vechi tem o apoio dos Republicanos de Brusque – que têm 4 vereadores na Câmara Municipal.
Nesse contexto, ex-aliados emedebistas foram demitidos da prefeitura e Molina, que também é presidente do MDB na cidade, pediu demissão no início deste mês.
Para entrar novamente na disputa, Eccel deixa a superintendência do Ministério do Trabalho em Santa Catarina, cargo que assumiu este ano após a posse do Lula na presidência. A expectativa dos petistas é de um esforço nacional do partido para vencer na cidade do bolsonarista Luciano Hang e a aposta é de que a fragmentação das candidaturas possa beneficiar a esquerda em uma eleição sem segundo turno.
O pedido de cassação dos mandatos de Ari e Gilmar partiu do PT, sob denúncia de abuso de poder econômico por parte da chapa durante a campanha de 2020 – focado no apoio ostensivo dado pelo empresário Luciano Hang, das Lojas Havan, na disputa pelo comando da cidade que abriga a sede da empresa.
Hang, tornado inelegível no processo que afastou Vequi e Doerner, foi procurado por meio da assessoria de imprensa para se manifestar sobre a eleição de Brusque e se pretende tomar posicionamento desta vez. Não houve resposta.
O quadro da disputa é completado por uma aliança entre o PP do vereador e ex-presidente da Câmara, Alessandro Simas, candidato a prefeito em chapa com Danilo Rezini (PSD), presidente do Brusque Futebol Clube. Em 2020, o PP apoiou a candidatura do ex-prefeito e ex-deputado estadual Ciro Roza (Podemos), enquanto os pessedistas estavam com Paulinho Sestrem (Republicanos), terceiro e quinto colocados, respectivamente
O prazo para que os partidos realizem convenções e lancem candidatos terminou no domingo. Agora, as siglas efetivarão o registro das candidaturas junto à Justiça Eleitoral até esta quarta-feira. Com isso – os personagens definidos e os times em campo, o apito inicial ocorrerá na manhã de quarta, às 8h30, onde ocorrerá o primeiro debate entre três dos quatro candidatos – Eccel participará apenas do segundo encontro, marcado para o dia 10 de agosto.
A decisão foi tomada por cinco votos a dois. Prevaleceu a posição do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, que considerou que houve abuso econômico, devido a uma série de vídeos publicados por Hang com críticas aos adversários de Vequi.