A coordenadora da Regional do Distrito Sanitário Especial Indígena Interior Sul (DSEI), Kerexu Yxapyry, recebeu nesta semana a Comenda do Legislativo Catarinense, a maior honraria concedida pela Assembleia Legislativa de Santa Catarina. Esta é a primeira vez que uma pessoa indígena recebe a Comenda, por indicação do deputado estadual Marcos José de Abreu – Marquito (PSOL), que tem atuação na pauta indígena. Kerexu foi a primeira cacica mulher reconhecida no país em uma eleição histórica, apoiada principalmente por mulheres.
“Este é um momento histórico, um acontecimento que rompe estruturas. Adentrar este lugar, com meu cocar, lutando pelas demarcações de terras, é também deixar um legado, que ofereço com muito carinho para as crianças”, disse Kerexu logo após receber a honraria. Marquito contou que a escolha do nome de Kerexu foi feita no núcleo indígena que existe no mandato. “E foi muito natural, pois a Kerexu é uma grande referência para nós.”
Originária do povo Guarani Mbya do estado, Kerexu tornou-se uma líder indígena com relevância nacional e internacional. Entre 2023 e 2024, Kerexu atuou como secretária de Direitos Territoriais Indígenas do Ministério dos Povos Indígenas, em Brasília. Ela já foi coordenadora executiva da maior organização indígena do Brasil, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, e é cofundadora da Articulação Nacional Das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade.
Kerexu é referência na defesa da preservação e do reflorestamento da Mata Atlântica. Esse trabalho já foi reconhecido na Assembleia Legislativa de Santa Catarina, em 2017, em sessão especial da Campanha da Fraternidade, com o tema “Biomas brasileiros e defesa da vida”, e também na Câmara Municipal de Florianópolis, em 2015, com a Medalha Zumbi dos Palmares.
Ela também esteve à frente da campanha ‘Morro dos Cavalos é Terra Guarani’, pela homologação da Terra Indígena Morro dos Cavalos, determinada pela Justiça desde 2008 e ainda aguardada. Kerexu é professora e gestora ambiental pela Universidade Federal de Santa Catarina, tendo ingressado na primeira turma do curso de Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica. Ela foi a primeira mulher indígena candidata a deputada federal por Santa Catarina.
Fotos: Bruno Collaço / Agência AL.
